Na disciplina de Oficina de Artes, as professoras propuseram-nos a apropriação de duas obras para um movimento que nos tinha sido atribuído anteriormente aquando do trabalho de apresentação. Escolhi o Retrato de Madame de Senonnes de Ingres, uma vez que achei a figura feminina mais apelativa e interessante no processo de transfomação para o movimento cubista.
Retrato de Madame de Senonnes de Ingres |
Sem Título, 1939 |
Esta pesquisa resultou em quatro estudos que me levaram à figura que acabei por utilizar para o meu trabalho.
De seguida, fiz o estudo da cor, utilizando cores que penso serem as mais adequados no que toca ao cubismo e às suas características.
Dei então início à elaboração do trabalho em tela. Uma vez que as dimensões da obra pelo qual a apropriação foi feita eram de 106cm x 84cm, decidi comprar uma tela cujas medidas se aproximassem o máximo possível da obra original, pelo que as dimensões da mesma são de 100cm x 70cm.
Depois de ter desenhado na tela a figura feminina, comecei por trabalhar o fundo, que acabou por ser o que mais trabalho deu (porque, como é possivel ver no estudo, não tinha ainda uma ideia concreto de como o fazer). Uma vez que tive alguma dificuldade em conjugar formas geométricas de maneira a que as características cubistas estivessem visíveis, senti a necessidade de pesquisar mais um pouco. Acabei por encontrar uma obra, num livro fornecido pela professora na aula, que usei como inspiração para o meu fundo. Infelizmente desconheço o nome do autor e da obra.
Por sugestão da professora, comecei por fazer uma colagem com jornais.
E a aplicar as ideias que me foram surgindo através da obra acima apresentada. É, de facto, possível ver algumas semelhanças entre o fundo do meu trabalho com uma das obras no qual me inspirei. Uma vez que na obra de Ingres atrás da figura feminina encontra-se o seu reflexo no espelho, aproveitei para também retratar o reflexo da minha figura mas de forma mais discreta e 'misturada' com as figuras geométricas de que o fundo é composto.
Depois de conversar com as professoras sobre o fundo que tinha elaborado, percebi que este não estava suficientemente cubista. Comecei por tirar a cor verde que percebi que não se adequava tanto ao cubismo como pensava, dando um tom mais ocre ao trabalho. Comecei também a pintar a figura feminina.
Pensei em fazer um carimbo com sarapilheira no fundo, uma vez que as texturas são uma constante nos trabalhos cubistas, mas rapidamente desisti dessa ideia visto não ter resultado como pretendia.
Uma vez acaba a pintura da figura, decidi concentrar-me mais uma vez no fundo visto que ainda não estava totalmente satisfeita com o mesmo. Para isto, fui pesquisar mais alguns trabalhos cubistas, desta vez de Amadeo Souza Cardoso, de Jasper Johns e, mais uma vez, de Picasso. Ao ver no trabalho A dream de Picasso o fundo com um padrão que se enquadrava no meu trabalho decidi utilizá-lo.
A dream Picasso |
Uma vez que o meu trabalho ainda não estava totalmente cubista, decidi basear-me num trabalho de Amadeo de Souza Cardoso.
Depois de tanta pesquisa e trabalho, o resultado final foi este:
Penso ter alcançado o meu objetivo de aproximar o mais possível o meu trabalho a uma obra cubista. Deu algum trabalho mas penso que o resultado final compensou já que, apesar de já ter feito uma quantidade bastante razoável de telas penso que esta é a primeira tela que sinto que mostra a minha criatividade e a minha capacidade de conjugar elementos de obras diferentes. Estou mais habituada a pintar telas realistas, ou seja cujo tema seja algo concreto e não sujeito a qualquer alteração. O que quero dizer com isto é que, uma vez que anteriormente limitava-me a retratar o que já existia e agora, neste trabalho, dei-me ao trabalho de puxar pela minha criatividade de forma a representar uma figura feminina através de um movimento pelo qual também não estava acostumada, penso ter evoluído como artista. Ora esta evolução, para mim, é muito importante, pelo que gostei muito de elaborar este trabalho não só pela experiência de trabalhar num movimento artístico que nunca tinha trabalho como também, e principalmente, por sentir que o fiz como deve ser, isto é, por sentir que usei a minha criatividade da melhor forma o que acabou por levar a um trabalho que me agradou e muito.